Segunda-feira, 6 de Dezembro de 2004
Universidade do Minho
Curso de Sociologia 1ºano - Metodologia das ciências sociais Docente: José Pinheiro Neves
Resumo da segunda parte da aula teórica de 29 de Novembro de 2004 sobre Wittgenstein (2ªs, 18h 20h - A4 Comp. 1).
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2 O ponto de vista crítico de Wittgenstein: a ciência como um jogo de linguagem = forma de vida.
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Síntese desta segunda parte:
POSIÇÃO DO NEO-POSITIVISMO: atomismo-lógico reduzia todos os fenómenos ao modelo invariável da denominação, ao esquema objecto-designação. Tinha a pretensão de codificar a linguagem segundo um modelo gramatical unitário, rígido, invariável, de regras lógicas.
POSIÇÃO DE WITTGENSTEIN (na sua segunda fase): Wittgenstein reivindica uma multiplicidade e variedade de categorias de expressões. O significado é um simbolismo que se refere a uma forma de vida, um contexto, hábitos, atitudes comportamentais
O significado circunscreve-se unicamente ao fenómeno que descreve.
Ludwig Wittgenstein (1889-1951).
Nació en Viena el 26 de abril de 1889; Wittgenstein se educó en el seno de una familia rica e ilustrada. Después de asistir a escuelas en Linz y Berlín, se trasladó a Gran Bretaña para estudiar ingeniería en la Universidad de Manchester. Su interés por las matemáticas puras le llevó al Trinity College (Cambridge) para estudiar com Bertrand Russell. Allí orientó su interés hacia la filosofía. En 1918 Wittgenstein había terminado su Tractatus logicus-philosophicus (1921), una obra que según él, suministraba la "solución definitiva" a los problemas filosóficos. Más tarde, se apartó de la filosofía y durante años enseñó a los escolares de un pueblo de Austria.
En 1929 regresó a Cambridge para reanudar su trabajo en filosofía y fue designado al Trinity College.
Pronto empezó a rechazar ciertas conclusiones del Tractatus y a desarrollar otras opiniones reflejadas en sus Investigaciones filosóficas, publicado con carácter póstumo en 1953.
EXEMPLO:
Ao dizer eu creio p eu não tenho necessariamente de explicar as razões porque penso assim em termos de verificabilidade empírica e de inferência lógica,
enquanto que ao dizer eu sei p devo ser capaz de apresentar aos outros, que podem duvidar do que eu sei, o que justifica o meu saber justamente nesses termos; contudo, as razões dadas para justificar um saber recorrem a um sistema de crenças, ou convicções, ante-inferenciais que o situam. Como aponta [Wittgenstein, 1987] no §54, comportamento de dúvida e não dúvida. Só há o primeiro se houver o segundo.
Há, portanto, dois géneros de proposições que se implicam no jogo de linguagem envolvendo o saber e o duvidar: as proposições empíricas e as proposições fundacionais. Por proposição empírica entende-se a proposição cuja verdade pode ser confirmada ou não confirmada pela experiência. Nesta obra de Wittgenstein estas proposições têm um carácter hipotético e são vulneráveis a alguma dúvida.
As proposições fundacionais, tidas como necessariamente válidas, não são, elas próprias, derivadas de qualquer proposição anterior, mas servem às vezes como suporte de outras.
Mas este suporte não deve ser, todavia, pensado como uma verdade de onde se inferem outras verdades: como vamos ver logo a seguir, elas são da ordem da convicção e da imagem do mundo.
Ao contrário das hipóteses avançadas nas proposições empíricas, as proposição fundacionais não dependem de experiências actuais e verificáveis para a sua validade, mas constituem, pela organização biológica e pela educação, as bases da estrutura noética do ser humano e, por isso, a base das suas certezas (Sumares, 1994: 33-34).
Quero encarar aqui o homem como um animal; como um ser primitivo a quem se reconhece instinto mas não raciocínio. Como uma criança num estado primitivo. Qualquer lógica suficientemente boa para um meio de comunicação primitivo não é motivo para que nos envergonhemos dela. A linguagem não surgiu de uma espécie de raciocínio. E um pouco mais tarde, diz Wittgenstein: É sempre graças à natureza que alguém sabe qualquer coisa (Wittgenstein, 1987: §505).
Teoria da correspondência (neo-positivismo) e teoria da coerência (Wittgenstein 2ª fase).
O que se efectua nesta proposta de Wittgenstein é uma espécie de união entre a teoria da correspondência, exemplificada no seu Tractatus, e a teoria da coerência, exigida, agora, pela noção de jogo de linguagem [segunda fase de Wittgenstein]. É a convergência destas teorias que produz a originalidade da tese de Da Certeza.
A teoria da correspondência pretende mostrar que uma proposição, ou uma crença, é verdadeira na medida em que corresponde efectivamente a um facto não linguístico. (...) O problema consiste precisamente nesta comparação; para realizá-la é preciso fundar esta proposição noutras, ou seja, uma proposição ou crença implica a aquisição ou invenção de outras (Sumares, 1994: 54).
Para Wittgenstein [segunda fase], as frases já não correspondem aos factos e os factos já não são bocados do mundo. [
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O defensor de uma teoria da coerência parte da premissa de que não se pode colocar por fora do circuito das suas crenças; só uma crença pode ser a razão de ser de uma outra crença. Daí, uma crença só pode ser verdadeira se é coerente com outras crenças, e não se corresponde com algo que não é crença ou proposicional; o avanço que se pode ter na ordem do conhecimento não consiste, portanto, na comparação de uma proposição com a realidade, mas sim na optimização da coerência e da consistência do nosso sistema de crenças (Sumares, 1994: 53-54).
Conclusão:
A teoria da correspondência (defendida por Wittgenstein na sua primeira fase) pretende mostrar que uma proposição, ou uma crença, é verdadeira na medida em que corresponde efectivamente a um facto não linguístico.
A teoria da coerência (defendida por Wittgenstein na sua segunda fase) defende que só uma crença pode ser a razão de uma outra. Assim uma crença só pode ser verdadeira se é coerente com as outras crenças.
O que faz de Wittgenstein um filósofo distintamente contemporâneo, e não um continuador, no século XX, das opções intelectuais tacitamente modernas, reside no facto de os conceitos forjados por ele sublinharem a ocasionalidade de todo o conteúdo representacional para com as suas referências: nenhuma necessidade liga uma palavra a uma coisa e, ainda menos, um conjunto de conceitos filosóficos à estrutura do mundo. Os vocábulos intencionalmente vagos como «jogo» e «formas» (ou «expressões») da vida humana permitem ver sobretudo que as referências e os predicados, atribuídos a estas, tenham contextualizações resultantes da prática humana e das condições de satisfação que derivam dessa prática (Sumares, 1994: 67).
Bibliografia
Manuel Maria Carrilho, A filosofia das ciências. De Bacon a Feyerabend, Lisboa, Ed. Presença, 1994.
Karl Popper, A demarcação entre ciência e metafísica, in Manuel Maria Carrilho, Epistemologia: posições e críticas, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1991, pp. 201-265.
Manuel Sumares, Sobre Da Certeza de Ludwig Wittgenstein. Um estudo introdutório, Porto, Ed. Contraponto, 1994, 69 p.
Ludwig Wittgenstein, Investigações Filosóficas, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987 [1953].
Sítios da WEB consultados
Textos extraídos da enciclopédia Encarta 99 da Microsoft (via web) sobre Einstein e Teoria da relatividade especial e geral.
Biografia de Ludwig Wittgenstein extraída de: