Sexta-feira, 22 de Abril de 2005
Um desafio...
A partir do texto anterior de Bergson (ver na entrada anterior do blog), no dia 19 de Abril de 2005, na aula teórica de Metodologia das Ciências Sociais, surgiu uma questão.
Pediu-se a uma aluna que durante um espaço de tempo limitado permanecesse imóvel a olhar para uma esferográfica.
Em seguida houve um pequeno debate em torno desta questão:
- Será que durante um determinado espaço de tempo assinalado pelo professor houve ou não uma mudança na consciência dessa aluna?
O debate não produziu nenhuma conclusão clara, mas surgiram duas posições.
A primeira defende que, durante aquele espaço de tempo, não houve nenhuma mudança na consciência da Odete.
Outros alunos apresentaram uma posição diferente: houve uma mudança devido ao movimento do sangue, oxidação das células, trocas químicas no cérebro, etc.
No entanto, o professor sugeriu que existia uma outra mudança que não se reduzia ao nível físico-químico. É este o desafio!
Foram dadas duas pistas: uma sugerindo que a percepção e o cérebro mudou e uma outra dizendo que a aluna, durante a experiência, estava sempre consciente produzindo significação.
ATENÇÃO
Aceitam-se respostas a esta questão, via e-mail do Blog [jpneves2005@yahoo.com.br], até ao dia 28 de Abril de 2005. As melhores respostas serão publicadas neste weblog. Por favor, indiquem no vosso mail que o assunto é "Resposta à questão de Bergson"acrescentado o vosso nome e número.
Texto escrito por:
Vítor H. Silva - aluno de Sociologia - Universidade do Minho
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Ajudas
1. Ver o seguinte texto que está no blog da disciplina:
O poder da duração
2. Outra ajuda
Aula prática de Metodologia de 31 de Março de 2004
Diálogo entre uma Aluna do 1º ano do curso de Sociologia da Universidade do Minho e Henri Bergson (enontram-se no BA)
Bergson Olá! Estou a escrever um livro sobre o tempo
Aluna Muito interessante. Porquê escrever um livro sobre o tempo?
Bergson Podemos pensar o tempo a partir da própria existência. Nós pensamos a existência como se pudesse ser compartimentada: agora estou no BA e a seguir estarei noutro sítio. Mas não basta dizer isto, porque há uma continuidade na mudança.
Aluna Ora, se não estou a fazer uma coisa estou a fazer outra! Essa conversa da continuidade parece-me contrária com o que você disse no início. Então há mudança ou não? É contínua ou não?
Bergson Deixe-me esclarecer uma coisa: o que eu disse atrás referia-se apenas a exemplos de uma forma "normal" de pensar a existência. Eu não acho que vida/existência esteja dividida em blocos. Por exemplo, a minha amiga pode fazer uma experiência muito simples: olha para uma caneta durante um segundo, debaixo do mesmo ângulo, com a mesma luz, do mesmo lado.
Aluna Ora! Ora! É evidente que há mudança! Porque eu respiro, o meu sangue circula, mas além disso, eu lembro-me de uma frase de Heraclito que diz o seguinte "nunca te banharás na mesma água deste rio". Eu compreendo perfeitamente o que queres dizer: no primeiro momento em que olhamos para a caneta recebemos uma imagem através dos nossos olhos. A seguir, passado um momento, um fotograma (luz + marca), uma luz atravessa o globo ocular e vai impressionar uma parte do cérebro. Envelheceu um instante, há uma nova imagem desse objecto.
Texto recolhido por:
Mafalda Lourenço
(1º ano de Sociologia da Universidade do Minho - 2003/04)
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3. Uma terceira ajuda
O debate entre Bergson e Einstein sobre a noção de tempo:
http://www.comciencia.br/reportagens/2005/03/12.shtml
E um resumo das ideias de Henri Bergson:
http://www.consciencia.org/contemporanea/bergsonbochenski.shtml
A propósito da sociologia compreensiva de Schutz, vamos estudar o conceito de duração em Bergson [texto escrito em 1907]
"A duração [durée] como experiência psicológica"
Depois de acentuar que o melhor ponto de partida é a existência de nós mesmos, Bergson começa por nos colocar algumas questões acerca do sentido preciso da palavra existir. Em primeiro lugar, sentimos a passagem de um estado a outro: "tenho frio ou calor, estou alegre ou triste, trabalho ou não faço nada, olho para o que me rodeia ou penso noutra coisa. Sensações, sentimentos, volições [volição: substantivo feminino, acto ou potência de querer - Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora], representações, tais são as modificações entre as quais se reparte a minha existência e que as coloram alternativamente. Mudança, pois, sem cessar. Mas dizer isto não basta. A mudança é muito mais radical do que se pensaria à primeira vista " (Bergson, 1977: 7).
Esta mudança que se nos apresenta em blocos, é algo mais contínuo do que aquilo que imaginámos. "Com efeito, falo de cada um dos meus estados como se formasse um bloco. Digo, e com razão, que mudo, mas a mudança parece residir na passagem de um estado a um estado seguinte: de cada estado, considerado isoladamente, quero acreditar que continua sendo o que é durante todo o tempo que se produz. Não obstante, um ligeiro esforço de atenção revelaria que não há afecto, representação nem volição que não se modifique a todo o momento; se um estado de alma deixa de variar, a sua duração deixaria de transcorrer.
Tomemos o mais permanente dos estados internos, a percepção visual de um objecto exterior imóvel. O objecto pode permanecer idêntico, e eu posso vê-lo desde o mesmo lado, debaixo do mesmo ângulo, com a mesma luz: a visão que dele tenho difere da que acabo de ter, nem que seja porque a visão envelheceu um instante. Aí está a minha memória, que insere algo desse meu passado neste presente. O meu estado de alma, ao avançar na rota do tempo, cresce continuamente com a duração que recolhe; por outras palavras, faz bola de neve consigo mesmo" (Bergson, 1977: 8).
Ou seja, vivemos sempre num fluxo contínuo de sensações, representações, volições. ".. não há diferença essencial entre passar de um estado a outro ou persistir no mesmo estado. [...] É certo que a nossa vida psicológica está cheia de imprevistos. Surgem mil incidentes que parecem cortar com o que os precede sem os vincular ao que os segue. Mas a descontinuidade das suas aparições destaca-se sobre a continuidade de um fundo em que se desenham e a que devem os intervalos que os separam: são os golpes do tambor que estalam de vez em quando na sinfonia. (...) Cada um deles não é mais do que o ponto melhor iluminado de uma zona instável que compreende tudo quanto sentimos, pensamos, queremos, tudo quanto em última instância somos num certo momento" (Bergson, 1977: 9).
Livro: Henri Bergson, Henri Bergson/Memória y vida. Textos escogidos por Gilles Deleuze, Madrid, Alianza Editorial, 1977, 164 p.
Texto: Henri Bergson, "A duração [durée] como experiência psicológica", in Henri Bergson, Henri Bergson/Memória y vida. Textos escogidos por Gilles Deleuze, Madrid, Alianza Editorial, 1977, pp. 7-9 [extraído do original: Henri Bergson, Lévolution créatice, Paris, PUF, 52ª Ed., 1907, pp. 1-3]
Quarta-feira, 20 de Abril de 2005
A propósito da sociologia compreensiva de Schutz, vamos estudar o conceito de duração em Bergson
Livro: Henri Bergson, Henri Bergson/Memória e vida. Textos escogidos por Gilles Deleuze, Madrid, Alianza Editorial, 1977, 164 p.
Texto: Henri Bergson, "A duração [durée] como experiência psicológica", in Henri Bergson, Henri Bergson/Memória e vida. Textos escogidos por Gilles Deleuze, Madrid, Alianza EDitorial, 1977, pp. 7-9 [extraído de: Henri Bergson, L´évolution créatice, Paris, PUF, 52ª Ed., 1907, pp. 1-3]
Depois de acentuar que o melhor ponto de partida é a existência de nós mesmos, Bergson começa por nos colocar algumas questões acerca do sentido preciso da palavra existir.
Em primeiro lugar, sentimos a passagem de um estado a outro: "tenho frio ou calor, estou alegre ou triste, trabalho ou não faço nada, olho para o que me rodeia ou penso noutra coisa. Sensações, sentimentos, volições [volição, substantivo feminino, acto ou potência de querer - Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora ], representações, tais são as modificações entre as quais se reparte a minha existência e que as coloram alternativamente. Mudança, pois, sem cessar. Mas dizer isto não basta. A mudança é muito mais radical do que se pensaria à primeira vista " (Bergson, 1977: 7).
Esta mudança que se nos apresenta em blocos, é algo mais contínuo do que aquilo que imaginámos. "Com efeito, falo de cada um dos meus estados como se formasse um bloco. Digo, e com razão, que mudo, mas a mudança parece-me residir na passagem de um estado a um estado seguinte: de cada estado, considerado isoladamente, quero acreditar que continua sendo o que é durante todo o tempo que se produz. Não obstante, um ligeiro esforço de atenção revelaria-me que não há afecto, representação nem volição que não se modifique a todo o momento; se um estado de alma deixa-se de variar, a sua duração deixaria de transcorrer. Tomemos o mais permanente dos estados internos, a percepção visual de um objecto exterior imóvel. O objecto pode permanecer idêntico, e eu posso vê-lo desde o mesmo lado, debaixo do mesmo ângulo, com a mesma luz: a visão que dele tenho difere da que acabo de ter, nem que seja porque a visão envelheceu um instante. Aí está a minha memória, que insere algo desse meu passado neste presente. O meu estado de alma, ao avançar na rota do tempo, cresce continuamente com a duração que recolhe; por outras palavras, faz bola de neve consigo mesmo" (Bergson, 1977: 8).
Ou seja, vivemos sempre num fluxo contínuo de sensações, representações, volições. ".. não há diferença essencial entre passar de um estado a outro ou persistir no mesmo estado. (...) É certo que a nossa vida psicológica está cheia de imprevistos. Surgem mil incidentes que parecem cortar com o que os precede sem os vincular ao que os segue. Mas a descontinuidade das suas aparições destaca-se sobre a continuidade de um fundo em que se desenham e a que devem os intervalos que os separam: são os golpes do tambor que estalam de vez em quando na sinfonia. (...) Cada um deles não é mais do que o ponto melhor iluminado de uma zona instável que compreende tudo quanto sentimos, pensamos, queremos, tudo quanto em última instância somos num certo momento" (Bergson, 1977: 9).
Quarta-feira, 6 de Abril de 2005
SOCIAL CONSTRUCTIONISM
Social constructionism, a type of
structuralism, is the basic approach to theorizing the world based on how we make meaning of the world, rather than what's actually "out there." It holds that humans can have no access to reality, beyond the systems of representation that they build up to describe and make sense of that reality. This doesn't mean that there is no reality out there, however -- just that we can't make sense of it, except in terms of the systems of representation (i.e., our conceptual maps of meaning) we create (culturally) to help us gain meaning from what's around us.
E.g., when we see a chair, we do see an object which is actually out there in the real world. BUT, the only way we can understand what the chair is (what it does, why it's there, etc.) is through the systems of representation that we have built up, that places the "chair" within a certain ordered strcuture of meaning in the world. Without the cultural system of meaning, we simply have no way of understanding that "thing", what it's supposed to do in the world, how we're supposed to relate to it, and so on.
Social constructionism is a broad approach that also encompasses
semiotics. It is opposed to the humanist (or phenomenal) approach to epistemology that holds that we as humans can and do have some access of the real world that is independent of systems of representation. Thus,
Stuart Hall is a particularly well-known follower of this approach (by contrast,
Raymond Williams, with whom Hall is often closely associated, takes more of a humanist approach, since Williams still believes it's possible for people to have access, through culture, to a reality that is somewhat independent of systems of representation and power).
Most social constructionists, often showing their theoretical origins in
marxism, link these systems of representation with power struggles in society, i.e., some groups in society, more powerful than others, are able to successfully -- if only temporarily -- impose a dominant system or systems of representation on the "masses". In this way these groups are able to maintain ideological control over the population. However, this control is never complete, and cannot be sustained indeifinitely. Opportunities exist for opposition to these dominant systems. (
Gramsci posited much the same thing, in relation to his ideas on
hegemony). All the same, some social constructionists --
Althusser comes to mind -- are less optimistic about the possibilities of opposition.
Social constructionism and the media
Viewed through this prism of social constructionism, media actively select and construct the frames of reference (arguably, set the agenda of framing) that are made available for the audience to interpret and construct on their own terms (Scheufele, 1999). Audience members therefore select what Neuman et al. (1992) refer to as a "version of reality built from personal experience, interaction with peers, and interpreted selections from the mass media (p. 120). The application of framing to the present study is taken up in more detail in chapter 3.
Social construction of reality = social construction of meaning
Viewed through the prism of social constructionism, the media as an institution have the prime responsibility for defining and representing our culture to us and for us.
1. actively
a.) select and prioritize information (agenda setting), and also
b.) manipulate information (framing) that construct the version of reality with which were presented.
2. In this the media are influenced by their own agenda as well as govt/policy agendas and public agendas.
3. the process tends to follow predictable and patterned paths, based on media norms and values at various levels (from individual up to cultural).
4. These constructions of reality:
- operate all around us in our symbolic environment affect both "factual" (e.g., news, public affairs) and fictional (sit-coms, movies, etc.) representations of culture, society.
- influence what meanings we give to information, symbols, were presented with.
- direct "people in audiences [to] construct for themselves their own view of social reality and their place in it, in interaction with the symbolic constructions offered by the media" (McQuail, 1994, p. 331).
5. The process is inherently (implicitly or explicitly) ideological, i.e., it involves versions of reality that are constructed by powerful groups in society (sometimes in contest with each other).
BUT
6. The process is neither all-consuming nor final; it allows for opposition & negotiation in construction of meaning (by individuals, groups, cultures, some media) à "slippage" in meaning is always occurring (e.g., constructions of race, gender, national identity, the French, students, priests/catholic Church, the government, the Irish)
(EXAMPLE "history is always written by the winners," so think how the history of the 20th century would have been different, i.e., been written differently, if Nazi Germany would have won WWII)
See also:
Extraído de:
~~~~~~~~~~
Qué es un blog? ¿Quién y cómo puede crear un weblog? ¿Es caro? ¿Qué clase de herramientas necesita alguien para crearlos? ¿Cuál es la diferencia entre crear un sitio web y un weblog?
Ver: http://enter.terra.com.co/ente_secc/ente_inte/noticias/ARTICULO-WEB-1001940-1989396.html
Universidade do Minho - Metodologia 1º ano de Sociologia 2004/05
Aula prática (1º turno - 14h-16h) de 31 de Março de 2005
Solução para um exercício de resumo extraído de:
Quivy, Raymond e Campenhoudt, Luc Van, Manual de Investigação em Ciências Sociais, Lisboa, Gradiva, 1992, pp. 56-61
Resumo de um texto de Durkheim:
Émile Durkheim, O suicídio, Lisboa, Presença, 1992, pp. 135-144.
IDEIAS PRINCIPAIS |
TÓPICOS PARA A ESTRUTURA DO TEXTO |
1º Parágrafo Suicídio e religião. |
1) o suicídio varia consoante a religião, sendo mais elevado nos países protestantes. |
2º Parágrafo Grau de civilização e suicídio |
2) A inferioridade civilizacional poderia ser a principal causa da variação. No entanto, é necessário aperfeiçoar a hipótese inicial estudando a influência religiosa no seio do mesmo país. |
[continua]
Texto recolhido por:
Odete Carvalho - Aluna do curso de Sociologia da Universidade do Minho
Sexta-feira, 1 de Abril de 2005
1.
Joana wrote:
To: J NEVES
Boa tarde, Estou a mandar este mail porque não compreendi o que é o R da avaliação.
Obrigada pela atenção,
Joana Pinho nº43906
1º ano Sociologia
2.
To: joana
Sent: Friday, April 01, 2005 12:33 AM
Subject: Re: Notas
Joana
Tem toda a razão.
De facto, este hábito de professor leva-nos a esquecer as coisas mais evidentes. R (reprovado) significa que não atingiu os objectivos de formação. Infelizmente, não é a palavra mas adequada mas faz parte do vocabulário universitário.
Saudações
José Pinheiro Neves
3. Joana wrote:
Boa Noite,
Eu pensei nisso, mas de qualquer forma não vamos ter acesso á nota?
Joana Pinho 43906
1º ano Sociologia
Joana
Como há a possibilidade de se fazer um teste de toda a matéria em JUNHO, costumo evitar catalogar os alunos com um número que possa ter efeitos negativos no aluno (pensar a avaliação como uma sanção). Assim, as avaliações de "reprovado" significam que não atingiu o mínimo dos mínimos. Ou seja, eu pretendia que fosse capaz de fazer algo: responder a um engenheiro de forma convincente mostrando que percebe o que está em jogo quando se fala de ciência na engenharia e na sociologia. Ter alguns argumentos com bom-senso. Entende? Ser capaz de apanhar a password do 1º semestre.
No fundo, estou a tentar evitar esta escala de 0 a 20 que TODAS as teorias pedagógicas condenam passando para uma escala mais correcta (a escala de 1 a 5, por exemplo).
No entanto, tal como disse na última aula, um aluno tem, de acordo com a minha visão, o direito de, a qualquer momento e sem qualquer formalidade, pedir para ver o teste e saber onde falhou. Esta consulta decorre durante o meu horário de atendimento.
Uma última questão: posso colocar este mail e respectiva resposta no blog com o seu nome? Ou prefere que o coloque sem referir o seu nome?
Mais uma vez, obrigado pela sua colaboração e espero que no próximo teste não lhe apareça esse R!
Saudações
José Pinheiro Neves